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Todo esforço será recompensado


Acampar e buscar descanso na natureza já era um hábito que eu tinha antes de entrar nessa Expedição de #100dias com o documentarista de natureza, Fernando Lara. Nas minhas atividades de trekking, julgava que eu estava em um contato intenso com a natureza. Todos os lugares que visitei anteriormente tinham uma forte influência do ser humano. Apesar de serem preservados, a maioria oferecia uma estrutura física, que me proporcionava conforto e que não me deixava esquecer que ali tinha a mão do homem. Ir para a natureza e ter água, luz, chuveiro e trilhas já abertas parecia ser uma experiência de contato real, hoje vejo que estava errada.


A natureza é perfeita. Cada passo que dou na selva me coloca em contato com um lado meu que estava adormecido. Na primeira vez que entrei Gruta do Urubu Rei, aqui em Bodoquena (MS), tive uma descarga de adrenalina incrível. Enquanto meus olhos se adaptavam a pouca quantidade de luz e meus ouvidos tentavam captar cada som que vinha de dentro da caverna, meu corpo buscava a melhor maneira de adaptar-se aquele ambiente. A minha fobia de escuro se perdeu em meio ao fascínio de um ambiente tão selvagem e incrível. Em cada lugar que eu batia a lanterna e avistava uma estalactite, cuidadosamente moldada pela ação do tempo, ficava um pedaço do meu medo. A sensação de viver uma experiência que poucas pessoas têm a oportunidade, jogou por terra toda ansiedade que eu carregava até ali.


Durante esse primeiro mês de Expedição, senti ‘fome’, medo, peguei chuva, escorreguei, me arranhei no mato, em pedras, estive em situações de risco e me deparei com dificuldades que dificilmente enfrentaria na cidade. Apesar disso, não desisti. Cada vez que encontro um obstáculo e consigo vencê-lo, adquiro mais forças para ir em frente. No trabalho de campo a natureza é dura. Não está ali pra me ferir, mas também não está pra me agradar. Tenho que me adaptar ao ambiente e não o contrário. Para registrar lugares inexplorados, para ver o que outras pessoas não veem, fazer apenas o possível não é o suficiente. Expedicionários vão onde outras pessoas julgam impossível chegar, enxergam beleza na simplicidade das coisas e seguem em frente mesmo quando os medos berram para que voltem atrás. A recompensa desse esforço é muito maior do que eu poderia imaginar.


Encontrar um lugar e ter a certeza que você é uma das poucas pessoas que terão a oportunidade de conhecer é inexplicável. Toda vez que me deparo com um ambiente selvagem, puro e praticamente intocado, recebo uma descarga de energia que revigora. Cada gota de suor, arranhão e medo cai por terra quando me deparo com uma bela cachoeira com águas límpidas ou um salão de uma caverna inexplorada. Tudo intocado, sem vestígio da presença do homem, só a natureza pura, simples e selvagem.


Pode parecer loucura para vocês, mas eu nunca me senti tão viva.


Sobre: Erika Campos é fotógrafa, publicitária e especialista em trekking. Atualmente desempenha o papel de assistente do documentarista de natureza, Fernando Lara na Expedição de #100dias por Serra da Bodoquena e Pantanal do Mato Grosso do Sul.


Apoio: A Expedição #100dias de Selva com o documentarista de natureza, Fernando Lara tem o apoio de Botas Snake, Diário do Aço, TV Cultura Vale do Aço e agência O Giro.



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